segunda-feira, 7 de maio de 2018

ISLÂNDIA (11ºdia): Thingvellir - Silfra - Sandgerdi


















Reservámos um dia completo para conhecer Thingvellir, um dos locais históricos mais importantes da Islândia. Foi neste vale, no extremo norte do maior lago natural do país, o Thingvallavatn, que em 930 foi estabelecido o parlamento nacional da Islândia, o mais antigo parlamento da história da humanidade, e que, a 17 de Junho de 1944, foi proclamada a independência nacional.

Atendendo à importância histórica e, também, às características tectónicas e vulcânicas da região, Thingvellir foi declarado parque nacional em 1928 e património da humanidade em 2004. Actualmente serve de residência de verão do primeiro-ministro e é um dos locais mais visitados do sudeste da Islândia.  Um dos aspectos mais importantes e espectaculares do parque é a observação directa do fenómeno da deriva continental, bem patente nas inúmeras fracturas e fendas geológicas que aí podemos observar. Apesar da acalmia aparente, a divergência das placas continua a ocorrer a um ritmo de 2 cm por ano, colocando este local sob enorme pressão.

A mais famosa dessas fendas é a Silfra.  Localizada numa região de divergência tectónica entre as placas norte americana e euroasiática, a Silfra é uma fissura de grande dimensão e profundidade que intercepta um vasto sistema aquífero proveniente do glaciar Langjokull, 50 km a norte de Thingvellir. A água, proveniente do degelo glaciar, atinge a Silfra ao fim de 30 a 100 anos de viagem e filtragem natural, por entre rocha vulcânica, o que lhe confere características únicas de pureza e transparência.

Vista sobre a Silfra, um dos locais de mergulho mais incríveis do planeta.


Aos visitantes do parque é dada a possibilidade de efectuarem snorkeling e mergulho nesta enorme área e, assim, observarem uma enorme fissura tectónica, inundada por água pura e cristalina, em condições de segurança. Como não quisemos perder a oportunidade, decidimos experimentar o snorkeling, reservando a actividade com a Scuba Iceland (www.scuba.is). A Silfra é um de dois locais do parque onde é permitido entrar na água, e apenas sob orientação de pessoal qualificado e autorizado. Desta vez as crianças não puderam participar, pois trata-se de uma actividade para maiores de 16 anos.

Nadar na Silfra tem, por vezes, um preço bastante elevado! Como não são permitidas construções de qualquer tipo, em Thingvellir, os visitantes vestem todo o equipamento neste pequeno parque, ficando à mercê dos elementos. Felizmente, para nós, estava um dia excepcional!  


Assim, e atendendo a que seria necessário assegurar a supervisão das crianças, tivemos que efectuar esta actividade em momentos diferentes, o que acabou por ocupar boa parte do dia. O pai foi às 9 horas da manhã e a mãe às 12 horas (com direito a guia particular).





A actividade requer algum tempo (cerca de 3 horas), e é dividida em 3 momentos: o briefing, com todas as informações acerca do local e da actividade em si; a colocação do fato seco (obrigatório, pelo elevado risco de hipotermia); e, por fim, o snorkeling. Os preparativos são demorados, mas necessários. O fato de mergulho, impermeável, pesa quase 10 kg e limita um pouco os movimentos. A selagem efectuada no pescoço algo claustrofóbica. A entrada na água constringe o fato contra o nosso corpo. Não há muito conforto, na verdade.

Os 10 magníficos!... e uma mescla de nacionalidades assinalável!!



























Um dos momentos mais aguardados, a entrada na água gélida da Silfra.







































Mas assim que os olhos se abrem debaixo de água...WOW!!! É incrível, parece que nem estamos dentro de água, tal a visibilidade. É um dos melhores locais em todo o mundo, neste particular! Bastam apenas uns minutos para que os lábios e as mãos, expostas à temperatura da água, fiquem dormentes. A mão que segurava a GoPro ficou "anestesiada" após os primeiros 10 minutos, contingências que facilmente se esquecem face àquilo que estava perante os nossos olhos!!! A corrente, muito ténue, conduz-nos ao longo do desfiladeiro subaquático e, durante uma hora, somos levados para um mundo absolutamente surreal. Com uma temperatura média da água a rondar os 2ºC, os 60 minutos são o tempo limite de permanência na Silfra.


Com o pai de regresso a terra firme,  foi a vez da mãe nadar por entre dois continentes, de forma totalmente personalizada!!   


A visibilidade subaquática é mesmo impressionante!!


Já na parte final do percurso, a explorar a lagoa, sem pressas...



A saída ocorre no extremo oposto ao local de inicio, pelo que o regresso é feito por terra.







































Atenção, que eles andem aí!! 

No final ainda houve direito a um chocolate quente, cortesia do simpático staff. Fomos muito bem recebidos e tratados com muito profissionalismo! Cinco estrelas para a Scuba Iceland!!

Depois do almoço, já tardio, fomos descobrir os recantos mais importantes do parque nacional. Existe um trilho pavimentado que interliga todos os locais de interesse no parque, tornando fácil explorar o local. Junto à margem do lago encontrámos dois edifícios: a igreja de Thingvellir, e um edifício adjacente, o Thingvellibaer, actual residência de verão do primeiro ministro. 




























Construído para celebrar os 1000 anos do Althingi, este edifício serve, agora, de residência oficial do primeiro ministro






















A primeira igreja da Thingvellir foi construída pouco tempo após a adopção do 
Cristianismo, no ano 1000. A actual, na imagem, foi edificada em 1859.



































































Junto à Almannagja, a colossal fissura tectónica que atravessa o parque, encontramos um amontoado rochoso (a pedra da lei) onde se reunia o Althingi (o parlamento). As características geológicas do local criaram um anfiteatro natural perfeito para discursos públicos e proclamação das leis.

A pedra da lei, ao centro, onde se ergue a bandeira do país.

As reuniões do Althingi também serviam para resolver questões relacionadas com o não cumprimento da lei. Um dos locais mais "negros" de Thinvellir é Drekkingarhylur, onde terão sido afogadas várias mulheres. Dependendo do tipo de crime, as punições iam desde a imposição de multas até à expulsão temporária ou permanente do território islandês. Os casos mais graves seriam punidos com a execução: as mulheres por afogamento e os homens por enforcamento ou decapitação.

Drekkingarhylur.























No topo na falha continental existe um centro de visitas e um miradouro imperdível, que nos oferece uma vista soberba sobre a região e todos os pontos de interesse do parque.


O Thingvallavatn, de origem vulcânica, é o maior lago natural da Islândia.




A enorme fissura que "rasga" o país impressiona pela envergadura! 



Para finalizar a nossa visita ao parque nacional de Thingvellir nada melhor que saborear um delicioso Skir, ao pé do lago, na companhia de quem mais amo, e com um sol de final de tarde perfeito!!  



Abandonamos o parque nacional já ao final do dia, com o astro rei a esconder-se no horizonte, e rumamos a Sandgerdi, um pequena e tranquila localidade a 7 km do aeroporto de Keflavik.  Pernoitamos no parque de campismo local, um espaço relativamente pequeno, barato, mas com excelentes condições. Foi a última noite passada a bordo da autocaravana.

Para conhecer toda a aventura clique aqui: ISLÂNDIA 2017: 12 dias em autocaravana
Para visualizar o 12º dia desta aventura na Islândia clique aqui: Sandgerdi - Keflavik

4 comentários:

  1. As fotos são lindissimas, acredito que foi uma experiencia incrivel mas acho que não aguentava essa água gelada, odeio o frio. 2 graus...brrrrrrr...e o fato de 10 kilos..não, acho que não me aventurava!
    Mulher corajosa!!!!

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    1. Obrigada! A verdade é o mesmo essa! É preciso coragem! :-) Não é fácil usar estes fatos! Além do peso fora de água, há a sensação de aperto no pescoço! Mas tudo é necessário para sentirmos o máximo de conforto. É imprescindível que a água não entre no fato! A roupa que temos por baixo mantem-se seca. O frio que sentimos nas mãos e na cara é esquecido quando nos deparamos com o que vemos debaixo de água! Também tive receio de não aguentar o frio ou sentir claustrofobia mas não podia perder algo assim! Fiquei radiante! Foi incrível mesmo!

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  2. As fotos são espetaculares e adorei o pormenor do Skyr. Deve ter sabido bem.😄

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    1. Obrigada!! :-) Fico contente por teres gostado! Para mim que adoro geologia, biologia e tudo o que a natureza tem para oferecer, esta foi, sem dúvida, uma experiência que nunca esquecerei! A visibilidade era incrível, como se fosse fora de água. A água é considerada tão pura que nos informaram que podíamos experimentar beber.
      Quanto ao Skyr ficamos verdadeiramente fãs. É delicioso e esteve sempre presente nos nossos lanches. Não resisti fotografar, porque até das embalagens gostei e não queria esquecer!! :-)

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